
Ontem tive o prazer de ter internet em casa. Há muito tempo não tenho isso. Aproveitei para ter um outro prazer que não tenho a tempos: ler O Globo de domingo.
O primeiro caderno que sempre abri foi o de Cultura, on-line não seria diferente, quando abriu
a matéria de capa com Maria Mariana, Ingrid Guimarães, Carol Machado e Patrícia Perrone se reencontrando me arrepiei dos pés a cabeça.
Elas foram as atrizes de Confissões de Adolescente, peça que quando assisti em 92 me fez pensar: É isso que eu quero fazer. Peça para qual fiz um teste onde tinham mais de 400 meninas querendo o mesmo que eu. Peça que em 2000 estreei e fiquei em cartaz por mais de 2 anos.
Na matéria elas relembraram as viagens, as roupas que eram trocadas, os amores, os sonhos compartilhados, e eu ali, lendo como se tivesse naquela livraria também, no meio daquela conversa repetindo: Sei, sei exatamente...
Durante os quase três anos de Confissões vi a história de 4 meninas da mesma turma da faculdade, ir se transformando numa amizade que de tão forte ganhou o nome de irmandade, família ou um desses rótulos que são dados para a gente classificar o que não não se classifica.
As vi dividindo quarto, palco , personagens, medos, figurinos, piadas, poesias, estradas, maquiagem, sonhos, colo e coxias. E dividir um certo frio na barriga quando alguém mais experiente dizia: Isso um dia vai acabar!
Vi quatro meninas de personalidades tão distintas, irem aprendendo a conhecer as diferenças, e a achar graça disso, e se irritar com isso, e botar no colo por causa disso, e depois de um tempo ver que já tinha um pouco disso dentro delas também.
Não divido mais a cidade com elas. Morro de saudade de chá no Letras, do colo, bicicleta na Lagoa, brigadeiro em frente a TV, do ouvido nas horas certas, de Búzios, das roupas emprestadas, dos abraços que elas me ensinaram a dar e do palco, que fico imaginando se ainda nos daremos o prazer de dividir.
Ontem, lendo a matéria do Segundo Caderno, tive a certeza física de que eu que queria estar naquela Livraria também, ao lado delas.
Pois é, ao contrário do que diziam os mais experientes:
-Não, não acabou.